Estava lendo um livro de Nietzsche e, em um de textos, ele fala sobre como, em muitos momentos da vida, nós passamos por mudanças drásticas, que alteram tanto o seu modo de enxergar o mundo como a visão que as outras pessoas têm de você.
São os "ritos de passagem".
Analisando a nossa vida, podemos identificar vários ritos de passagem. Às vezes coisas bobas, como sair da alfabetização e passar para o primário, têm um efeito de rito para a criança.
Eventos religiosos, como Crisma para católicos, Bar Mitzvah para judeus ou o casamento em diversas religiões, também podem entrar nessa categoria.
Sinto que estou passando por um desses ritos de passagem. Ele se iniciou no dia em que descobri a gravidez da minha esposa e imagino que se conclua após o nascimento do meu filho.
É um rito lento e, talvez, um dos mais importantes. Vou deixando de ser apenas um homem e me tornando um pai.
Vou deixar de ser apenas o filho de Antônio para ser o pai de Rafael.
Ganhei mais uma data comemorativa no ano: o dia dos pais!
Tanto eu estou mudando como percebo que as outras pessoas me olham diferente.
Eu sou aquele tipo de pessoa que não interage muito com vizinhos. Mantenho-me na boa educação desejando "bom dia", quando passo por um. E fica nisso. De uma hora pra outra, os vizinhos começaram a bater papo comigo no elevador. "É você que vai ser pai, né? É menino ou menina?".
Quando eu pedia uma pizza e subia pelo elevador, ninguém nunca me perguntava o sabor ou onde eu tinha comprado, mas basta levar coisas de criança, tipo um carrinho de bebê ou almofadas do enxoval, que todo mundo vira seu amigo e te dá opiniões, mesmo naqueles segundos que duram a viagem até o meu andar.
Provavelmente terei que ser mais sociável e participar das festinhas do prédio.
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