segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Ser Pai é Perder o Direito De Adoecer



Sou homem e, como tal, basta dar um espirro para cair na cama e reunir a família para tecer as minhas últimas palavras.

Normalmente, o homem é um pouco frouxo para doença. Enfrenta um leão enfurecido, mas cede fácil a uma gripe.

Dito isso, percebi que a coisa mudou assim que me tornei pai. No momento em que escrevo esse texto estou com uma inflamação na garganta e um pouco febril. Isso, para mim, era o suficiente para ficar debaixo das cobertas, gemendo e escrevendo o meu testamento. Entretanto, perdi esse direito. Pelo menos enquanto o meu filhote esteja tão dependente.

Sendo assim, esteja eu com dor ou não, com febre ou não, o bebê ainda precisa comer, ser entretido, tomar banho e ser ninado. "E onde está a mãe dessa criança?", vocês devem se perguntar. Está do mesmo jeito. Adoecemos juntos. Na saúde e na doença. Não foi isso que o padre disse? Pois levamos à risca. E ainda temos que dar graças a Deus que nosso bebê está bem e pouco se lixando para a doença dos papais. Ele exige a mesma dedicação costumeira.

Então, nos viramos, revezando as funções, como sempre fizemos, tentando um poupar o outro no que der. Somos uma boa equipe e, no fim, conseguimos superar qualquer coisa.

Se eu sinto saudades do tempo em que podia ficar na cama, tomando canja de galinha? Às vezes. Mas basta um olhar no sorriso do meu filho que tudo passa. A felicidade dele é o melhor remédio que eu poderia ter. Isso e uns anti-inflamatórios legais.