quinta-feira, 13 de abril de 2017

Quando o bebê "liga"



Como um bom pai de primeira viagem, eu não fazia ideia do "funcionamento" de um bebê.

Sabia o básico. Por exemplo, que eles não nascem sabendo andar, não ia falar papai quando saísse da barriga da mãe e que são maquininhas de fazer cocô e xixi.

Fui descobrindo como eles funcionam, de verdade, da melhor maneira possível. Na prática!

E sim, acreditem. Não tem forma melhor de sentir isso. Cada passo dado, cada aprendizado,gera uma emoção sem tamanho para nós, pais bobões, que acham que o filho é a criança mais inteligente do mundo só porque ele descobriu que o controle remoto serve pra ligar a TV. Mas isso demora um pouco.

Lembrando, agora, o longínquo ano de 16 meses atrás (Sim. Meu filho mal fez um ano e eu já me acho o pai mais experiente do mundo), recordo da minha ansiedade e, por que mentir, decepção ao descobrir que, ao nascer, o bebe praticamente não interage. Na verdade ele quase não se mexe. Fica la, paradão, chorando, fazendo cocô e xixi de 15 em 15 minutos e mamando com a mesma freqüência.

A gente até fica fazendo aquelas caras idiotas de "blu-blu-blu", mas,se ele está vendo, ignora.

Eles ficam tão imóveis que eu ficava a noite toda conferindo se ele estava mesmo respirando durante os pequenos cochilos que ele dava ao longo do dia.

O máximo de interação, que eu me recordo, era que, se eu colocasse meu dedo na pequenina mãozinha dele, ganhava um apertão. E como os bebês tem força na mão, não?

Enfim, lá se passam alguns meses e você percebe que algo está mudando. Ele começa a prestar um pouco mais de atenção ao ambiente em volta, começa a fazer pequenos movimentos e, quando você menos espera, você faz aquele "blu-blu-blu" despretensioso e ele ri. E que sorriso gostoso. Passei o dia todo fazendo graça pra ver aquela boquinha banguela dando risadas.

Entretanto, eu senti que ele ligou, de verdade, quando aprendeu a engatinhar. Agora ele poderia ir onde quisesse, sob nossa vigilância, claro,  e explorar o mundo ao seu bel prazer. Ele passou a interagir com o mundo de uma forma própria, deixando claro o que ele gostava ou desgostava.

Agora sim, o bebê está com quase todas as funcionalidades ligadas. Já aprendeu a bater palmas, dar tchau, se esforça pra dar um beijinho, fala "mamãe" (já "papai" está difícil), assiste programas educativos na TV, come na cadeirinha.

Falta um ou outro detalhe, afinal, a vida está só no começo e tem muita coisa legal pra aprender por aí. No entanto, posso dizer que meu bebê "ligou" e estou muito feliz com isso.

Ter um bebe é como comprar um Smartphone que só libera as funcionalidades aos poucos. No primeiro mês você só pode carregar a bateria e admirar. No segundo,mal pode fazer uma ligação. No terceiro, ele libera a câmera. No seguinte, você já pode usar a internet e assim sucessivamente até que todas as funções estejam ativadas.

Claro que nenhuma empresa venderia um Smartphone assim. Mas, se fosse viável, você perceberia que amaria e daria muito mais valor a ele, pois curtiria cada upgrade que ele fez.

E assim eu sigo a vida. Curtindo cara passo que meu filho dá, cada aprendizado, cada desenvolvimento e me maravilhando com isso!

domingo, 26 de março de 2017

Grades de Proteção Para Portas - Como escolher?



Proteger a casa contra eventuais acidentes acaba se tornando prioridade para quem tem bebê em casa. Desde antes do nascimento do nosso filho eu já olhava cada cantinho, cada detalhe, cada móvel da casa tentando imaginar como o bebê poderia se machucar naquele lugar. E olha que minha imaginação é fértil!

Algumas dessas proteções precisavam ser imediatas. Outras, davam pra esperar um pouco.

Um dos locais mais perigosos de uma casa é a cozinha. Facas afiadas, panelas quentes, materiais de limpeza,garfos pontudos, copos de vidro. Uma infinidade de coisas que podem causar sérios acidentes. Isolar esse ambiente se tornou de extrema necessidade, em especial no momento em que ele já engatinha e começa a dar seus pequenos passos. E, aparentemente, a cozinha parece ser o local mais atrativo do nosso apartamento. Talvez por nós sempre o impedirmos de ir lá. Isso deve causar uma aura de mistério e faça o bebê acreditar que aquele seja um local mágico ou coisa parecida. Lembrem-se de que o proibido sempre parece mais atrativo e é aí que os acidentes acontecem.

Já havia feito uma postagem sobre como manter a casa mais segura para o bebê e, lá, comentei rapidamente sobre grades de proteção para portas e escadas. Nessa postagem vamos falar delas de uma forma um pouco mais detalhada e dar dicas do que você precisa saber na hora de escolher uma.

A primeira coisa a se saber é onde a grade vai ficar. Isso é importante para saber a medida exata que a ela precisa ocupar. Lembre-se de que nem toda porta possui o mesmo tamanho. Então, pegue uma fita métrica e confira. Esse dado é relevante, pois a maioria das grades do mercado possuem um tamanho básico e extensores opcionais para adequá-las para medidas diversas.

Em seguida, precisamos ficar atentos ao material da grade de proteção. A maioria das pré-fabricadas vendidas nos mercados são de metal ou plástico. Existem as de madeira, mas essas não são tão práticas, pois exigem instalação fixa. As demais são fáceis de instalar e podem ser removidas e reinstaladas com rapidez. As de metal, obviamente, são mais resistentes. Aconselho a investir numa destas.

Depois que fiz diversas pesquisas, acabei optando pela grade Tubline Plus. Parecia ser prática e segura, segundo comentários dos compradores.



A instalação dela é realmente bem simples. Ela não utiliza pregos ou parafusos. É fixada na porta por meio de pressão. Eu levei uns 5 minutos para instalar. Ela, realmente, fica bem firme.

 Essa grade para porta possui um sistema de trava, acionada por botão, que impede as crianças de abrir acidentalmente. Também abre para os dois lados após destravada.

Ficamos satisfeitos com o resultado. Vai nos dar mais tranquilidade em relação à segurança do nosso filhote. Por mais que estejamos sempre atentos, ninguém está livre de cometer vacilos. E, finalmente, vou poder cozinhar sem precisar ficar fechando a porta ou retirando meu bebê de lá de cinco em cinco minutos.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Relatos De Uma Criança Daltônica



Finalmente, havia acabado de completar o dever que a professora passou. Algo como "desenhe qualquer coisa". Lá estava meu campo de futebol, devidamente colorido. Era só entregar.

Mas havia algo errado na expressão da professora. Ela olhava o papel com uma cara estranha, quando me perguntou:

-Por que você não pintou com as cores certas?

"Como assim?", pensei eu. Estava tudo certo. O gramado vermelho, o sol abóbora... O que ela queria que eu fizesse?

Eu tinha 5 anos e essa é a primeira lembrança que tenho de que havia algo errado comigo. Eu não sabia distinguir as cores. O grande problema é que a única resposta aceitável na época era:

"O pequeno Claudio é burro!".

Por algum motivo desconhecido, eu podia até tirar as melhores notas no resto, mas era burro por não conseguir aprender as cores.

Claro que isso não podia ficar assim. Vamos estudar! Pegava caixas de lápis de cor e ficava tentando decorar seus nomes. Depois, agarrava um, sem olhar o nome escrito e dizia: "Roxo! Roxo! Roxo!". Mas, quando olhava, era azul escuro ou coisa parecida. Merda. Era definitivo. Eu era burro!

E isso se prolongou por algum tempo, até que, aos 9 anos, precisei fazer o meu primeiro exame oftalmológico. Nele, o médico, entre uma troca de lente e outra, acabou projetando dois blocos coloridos com letrinhas. Me perguntou se eu enxergava melhor no verde ou no vermelho, quando minha resposta resolveu o maior conflito que eu tinha até então:

"Qual é o verde e qual é o vermelho?"

Ele sacou na hora. Me chamou na mesa e me fez passar por um teste, que eu conheceria futuramente como Teste de Ishihara. Em cada página havia uma coleção de bolinhas coloridas formando números.

-Que número você vê aqui?

- Doze!

Então, ele olhava o gabarito e lá estava "Pessoa normal vê 24, pessoa daltônica vê 12".

E eu fiz 100% de daltonismo.



Ele chamou a minha mãe e nos explicou que eu era daltônico. Possuía uma perturbação visual genética que me tornava incapaz de distinguir certas cores.

Amigos, não imaginam o alívio que senti. Um peso imenso retirado das costas de uma criança. Descobrir que, esse tempo todo, eu não era burro foi um descanso.

A parte ruim da coisa é que, como ele mesmo disse, não havia cura. Era daltônico e permaneceria daltônico para toda a vida, caso a medicina não encontrasse uma cura. E isso poderia me impedir de certas coisas como dirigir, se não conseguisse distinguir as cores do semáforo ou trabalhar com qualquer atividade que exigisse distinção de cores.

E assim vivi minha vida. Aprendi a conviver com o daltonismo, me adaptando da forma que eu pude. Por muito tempo, optei por cores de camisas que não geravam muita dúvidas. Meu guarda-roupa só tinha camisas brancas ou pretas. Era básico, eu reconhecia e não me faria passar vergonha. Passei a não ter receios de pedir para professores me ajudarem quando o dever de casa envolviam cores e pedia para meu irmão mais novo pintar qualquer coisa que eu precisasse.

Claro que isso não impedia de passar certos perrengues. Sempre gostei de videogames e desafios envolvendo cores são muito comuns neles. Nem sempre tinha alguém do meu lado para ajudar. Tirar carteira de motorista e suas renovações sempre foram um tormento, pois a lei não era muito clara no que dizia respeito aos daltônicos. O médico avaliador poderia, simplesmente, me impedir de dirigir. Na maioria das vezes, eu contava com a sorte e acertava as cores. Na prática, nunca tive problemas no trânsito. Afinal, mesmo que eu tenha um pouco de dificuldade na distinção das cores, a ordem delas é sempre a mesma. Então, não tem como errar.

Recentemente, no caso da carteira de motorista, a coisa melhorou. Existe uma resolução do CONTRAN, 425/12 que diz que o motorista não precisa identificar as cores para conduzir um veículo. Para tanto, o teste atual é uma versão do semáforo, na ordem correta, que permite que o daltônico identifique o Pare, Atenção e Siga pela ordem.

Outra coisa que todo daltônico passa são as brincadeiras dos amigos. É praticamente impossível que, quando dissemos que somos daltônicos, os amigos não comecem com o famoso: É mesmo? E que cor é essa? E essa? E aquela? Você enxerga em preto e branco igual a cachorro?

Aprendemos cedo a levar na esportiva, afinal, isso gera curiosidade, mesmo que isso incomode bastante alguns daltônicos. Em proporções absurdamente diferentes, é como encontrar um amigo cego e ficar perguntando quantos dedos você está mostrando. Ou um amigo paraplégico e dizer: "É mesmo? Então tenta andar pra eu ver". Cara! Sei que você não faz por mal, mas eu sou daltônico e não preciso provar pra você.

Recentemente, foi lançado, comercialmente, um óculos da empresa EnChroma, que promete prover aos daltônicos uma visão mais próximo do normal. Eu vi vários vídeos de reações de daltônicos ao primeiro uso e fiquei duvidoso na aquisição de um. Alguns pareciam não se impressionar tanto com o que estavam vendo. Já outros, choravam de emoção. Eu acredito que, da mesma forma que existem variações de daltonismos, devem existir variações de correções. Nesse caso, eu só compraria um se tivesse a oportunidade de testar antes.Se quiser dar uma olhada, o site da empresa é http://enchroma.com/



Também existem estudos com terapias genéticas que podem resolver o problema, mas ainda parece ser uma coisa distante. Dizem que deu certo em macacos. Vamos ver como se saem os testes em humanos.

No mais, uma preocupação que os daltônicos costumam ter é: Meu filho vai ser daltônico também?

Nesse caso, depende. O daltonismo é uma característica ligada ao sexo genético. Cromossomicamente falando, o problema está ligado a um gene recessivo que está no cromossomo X. Vamos chamar de Xd. Um homem, pra ser daltônico, só precisa receber o Xd da mãe, pois o Y do pai não vai compensar. Ele será XdY. Uma mulher, precisaria dar o azar de receber o Xd da mãe e do pai, sendo XdXd. O pai, obrigatoriamente, precisa ser daltônico XdY e a mãe ser daltônica XdXd ou possuir um cromossomo com esse problema, XdX. 

No meu caso, eu tenho um filho homem. Ele é XY. O X veio da mãe e eu mandei o Y. Nessa situação, como não existem evidências de daltonismo na família da mãe, meu filho não é daltônico. Se eu tivesse uma filha, essa poderia ter uma chance remota de ter daltonismo. Ela teria o meu Xd, mas o X da mãe, compensaria o problema. A não ser que a mãe, mesmo não sendo daltônica, fosse portadora de um Xd e enviasse ele na união dos gametas.

Ok, Fim da aula de biologia.

Resumo da história, se você notar que seu filho possui dificuldades em distinguir cores, leve num oftalmologista. Ele é capacitado para identificar se, realmente, existe esse problema. Se você é um profissional da área de educação, que possui mais contato com crianças, também deve ficar atento aos sinais. Seu aluno pode não ser tão burro como você pensa. E se você descobrir que seu amigo é daltônico, até pode sacanear um pouco, mas evite exageros, ok? E se você descobriu que é daltônico, bem vindo ao time. Qual a cor da sua camisa, mesmo?