domingo, 30 de agosto de 2015

O Que Livros 3D Dos Anos 90 E Bebês Chutando Na Barriga Têm Em Comum?




Em meados dos anos 90, surgiram uns tais livros 3D, que viraram uma modinha relativamente passageira. Basicamente eram figuras embaralhadas, num mosaico caleidoscópico, que, quando olhadas com um certo nível de concentração, permitiam criar uma ilusão no cérebro e enganá-lo de forma com que ele interpretasse aquilo como uma imagem em terceira dimensão. São chamados "estereogramas".

Esse estereograma forma um coração bem grande no centro.


Então, era comum ver a galera encarando um livro, cuja página só tinha chuviscos, e dizer: "Nossa! É um dinossauro comendo um avião!!!"


Eu não podia ficar de fora. Comprei um livro desses, chamado, "Olho Mágico", e fui pra casa tentar. Mas, por mais que eu me esforçasse, tudo o que conseguia era ficar com dor de cabeça.
Só que não era isso que me irritava. O estressante é que você jogava o livro para o lado, sua mãe pegava, olhava pela primeira vez aquele troço e dizia: "Nossa! Uma nave espacial destruindo uma baleia voadora!!!"

Então, você tomava o livro da mão dela, olhava no verso da página, que dava uma demonstração do que deveria ser visto, e era exatamente aquilo.

Não satisfeito, você voltava a encarar aquilo por horas, ficava vesgo, sentia tonturas, quase desmaiava e não enxergava coisa nenhuma.



E parecia uma maldição. Todo mundo, que pegava no livro, via as imagens sem muito esforço. E você, nada!

Tentei por semanas e, finalmente, desisti. Deixei o livro num canto esquecido.

Um belo dia, eu acordo e vejo o livro caído no chão,  perto da minha cama. Como quem não quer nada, olhei para uma imagem qualquer e foi como mágica! Moedas saíram do papel e flutuaram. Era quase tangível.  Emocionado, passei para outra imagem e também vi o tal dinossauro. E o carro da outra. E assim por diante! Eu tinha vencido! Finalmente era capaz de ver o que todo mundo via. E fiquei maravilhado com isso.

O que isso tudo tem a ver com bebês chutando na barriga da mãe? Tudo!

Em determinado momento da gestação, a mãe começa a sentir o bebê chutando. Essa é a primeira interação física entre mãe e filho. Ela fica feliz da vida e grita: "Vem, marido! Bota a mão na minha barriga que o filhote ta chutando!"

Então, o pai vai, todo pimpão e faceiro, colocar a mão na barriga da mamãe e nada acontece...

Ela fala: "Nossa! Essa foi forte! Sentiu? Acho que o moleque vai ser jogador de futebol! "

E você,  pai, desesperado, quase afundando a mão naquela barriga, tentando sentir qualquer coisa que se pareça com um chute e nada...

E fica nessa por um bom tempo. Eu acho que toda mãe fica rindo, silenciosamente por dentro, por ter essa experiência antes de qualquer pai.

As vezes eu tinha a impressão que o moleque não tava mexendo nada e ela só falava aquilo para me "trollar".

As semanas passam e, volta e meia, a mãe fala: "Agora ele ta chutando bastante, quer tentar sentir?" E você,  já cansado de ser enganado, bota a mão de forma despretensiosa, sabendo que nada vai sentir e, finalmente sente!!!

Primeiro, você pensa que deve ser um engano, mas o moleque dá outro "chutasso" e as dúvidas somem.

Agora sim, o pai não é apenas mais um. Ele é parte integrante da brincadeira, que, antes, era exclusividade da mãe e filho.

E, como nos livros 3D, depois da primeira vez, tudo fica mais fácil. Basta colocar a mão na barriga, por um momento, e você vai sentir. Se o moleque não estiver dormindo, obviamente!

Para mim, esse dia mágico aconteceu  em 21/08/2015. O dia em que senti o meu filho chutando e não o dia em que vi a imagem 3D, só pra deixar claro!!!

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