sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O que assusta as crianças de hoje em dia?



O que assusta as crianças de hoje em dia?

Já adianto que não é uma pergunta a qual eu vá dar uma resposta. Na verdade, me bateu essa curiosidade quando lembrei da minha infância e dos medos característicos de todo garoto ou garota que me são contemporâneos.

Nos anos 80, nós tínhamos alguns medos que eram comuns entre as crianças brasileiras da época.

Um deles era o medo da bomba atômica.  O mundo se via num fim de guerra fria entre EUA e URSS e a sensação era a de que, a qualquer momento,  uma bomba poderia cair e destruir nossas cidades. E esse medo era incentivado por reportagens do Fantástico, capas da Veja e reprises de filmes catástrofes, como "O dia seguinte", que mostravam imagens de bombas reais e suas consequências. Prédios explodidos, civilização destruída,  pessoas perdendo cabelo e praticamente derretendo pelos efeitos da radiação.

Quantas noites eu fui dormir, olhando assustado pela janela, esperando a tal bomba?



Outro medo recorrente era o da AIDS. Sim, eu era criança e não deveria me preocupar com doenças venéreas,  não?  Mas, quem vive hoje, com todas as informações,  não imagina como era na época.  A gente não sabia muito sobre isso. As informações eram desencontradas e tinha muita gente que pensava que podia ser transmitida com um beijo ou aperto de mão. Praticamente, todo intervalo comercial tinha uma propaganda educativa, tentando explicar ao leigo sobre o assunto. Para verem nosso nível de ignorância infantil, lembro de um debate entre os coleguinhas, quando acreditávamos que a camisinha era apenas uma camisa que, magicamente, nos protegia contra o "mosquito" que transmitia o vírus da AIDS. Todos os meses as revistas traziam matérias sobre artistas que morreram por haverem sido contaminados. Como nós, crianças, sendo bombardeados por isso, não teríamos medo?



Outro medo comum era da loira do banheiro. Sei que essa lenda não é exclusividade dos anos 80, mas a gente morria de medo do fantasma que assolava os banheiros do colégio.  Supostamente era de uma garota que havia sido assassinada no banheiro e cujo espírito teria ficado preso ali. Por algum motivo, se você desse descarga 3 vezes, falando o nome dela, a menina aparecia, com toda sua fúria e te pegava.



Outro ser, não tão sobrenatural, que nos metia medo, era o homem do saco. Basicamente, era um mendigo que tinha um saco nas costas e sequestrava crianças.  Acho que essa lenda era espalhada pelos pais para que não falássemos com estranhos, o que gerava um preconceito maldoso com os mais necessitados e fazia com que as crianças vissem os mendigos como monstros.



Seguindo o tema, outro medo recorrente era o da Kombi que sequestrava crianças para remover os órgãos e vendê-los para transplantes. Pense numa época maldita! A galera não podia ver uma Kombi parada na frente do colégio que nem saia na porta. E o pior é que a maioria dos transportes escolares era feito nesses carros. Lembro, num belo dia, de deixar meus pais me esperando do lado de fora só porque algum coleguinha espalhou que aquele seria o dia da Kombi pegar alguém do nosso colégio.



Por fim, só me lembro de mais um. O medo das tatuagens adesivas que drogavam as crianças. Nessa época, começou uma modinha de tatuagem de mentirinha. Boa parte vinha em chicletes, mas os camelôs começaram a vender umas cartelinhas sortidas.  Foi uma questão de tempo para inventarem que elas estavam injetando drogas nas crianças para que elas viciassem e virassem consumidores de LSD ou coisa parecida. Para piorar, surgiu um panfleto xerocado, transmitido de mão em mão, como se fosse um alerta da polícia avisando do fato. Era, claramente, uma farsa, mas assustou muita gente.



Então é isso. Fico curioso em saber o que amedronta a garotada de hoje. O que os faz perder o sono? Se souberem, me contem!

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